- Manu Joker, obrigado pelo seu tempo para nós da Metal Fire Metal. Você pode nos contar como foi o início da carreira da UGANGA?
Manu Joker: Nós começamos no final de 1993, pouco após minha saída do Sarcófago. Da formação original só eu permaneci, porém tivemos por 22 anos um núcleo composto por duas duplas de irmãos que foi a base da maioria dos 8 álbuns que lançamos até aqui. Com esse time rodamos todas as regiões do Brasil, fomos pra Europa duas vezes, lançamos álbuns por lá, gravamos um ao vivo na Alemanha, tocamos com nomes incríveis e variados tipo Racionais MCs, Exodus, Rattus, Elza Soares, Corrosion Of Conformity, The Casualties, Coroner, Pato Fu, Marcelo D2, Moonspell, Angra, Krisiun, Ratos De Porão, Crypta, Macbeth, Dead Fish, Abbath, Catedral, Garotos Podres, Violator, Vazio, Sujêra e por aí vai… Afinal estamos falando de 3 décadas ininterruptas na estrada. Em 2023 esse núcleo se separou e um novo ciclo começou durante uma viagem do UG pra Amazônia Paraense. Depois de várias mudanças, colaborações e experiências lançamos “Ganeshu” e estamos de volta pra buscar o nosso merecido espaço naquilo que muitos chamam de cena.
- Conheci o trabalho de vocês através de “Opressor”. Como tem sido a repercusão de “Ganeshu”, seu novo trabalho?!
Manu Joker: “Opressor” é um belo álbum, tenho muito orgulho desse trampo, o nosso primeiro com o Gustavo Vazquez (Rocklab). Sobre “Ganeshu” ele ainda está conquistando seu espaço, até agora só vi resenhas positivas, os números no streaming estão aumentando e as pessoas tem colado nos shows e comprado merch. Particularmente acredito de verdade que lançamos um grande play, nosso melhor até aqui, e a história desse trabalho ainda está sendo escrita.
- Como se deu o processo de produção do material? Quem assinou a produção? Vocês costumam participar?
Manu: Todas as músicas foram compostas pelo quarteto que gravou o álbum, Manu Joker, Juninho Silva (bateria) e os ex-integrantes Raphael “Ras” Franco (baixo) e Jean Pagani (Guitarra). Na lírica novamente eu cuidei de todas as letras e do conceito filosófico de “Ganeshu”. Desde o “Opressor” divido a produção musical com o Gustavo, cada um tem o seu papel e tem funcionado legal assim. Basicamente começa comigo organizando as coisas na a pré produção aqui em MG. Dedicamos um bom tempo a parte de composição, vou organizando digitalmente as ideias de todos, escolhendo repertório, vamos lapidando o material no ensaio e em paralelo nos preparando pro estúdio. Na sequência atravessamos o Paranaíba e vamos pro Rocklab em Goiás, onde o Gustavo cuida da timbragem, gravação, mix e master. Durante esse processo a gente obviamente troca muita ideia, é um lance de parceria sem ego, foco 100% em obter o melhor resultado possível. De diferente dessa vez nos optamos, por sugestão do Gustavo, por gravar baixo, guitarra e bateria ao vivo, com uma voz guia. Foi tipo 2, 3 takes no máximo pra cada som, a banda chegou pronta e o tempo de estúdio foi curto, 8 dias no total.
- A banda, ao menos pra mim, soa como um Crossover. Mas como vocês se rotulam?
Manu Joker: Com certeza fazemos um tipo de crossover. Não necessariamente o crossover oitentista de bandas como D.R.I., Suicidal Tendencies ou Excel. Obviamente nós amamos essas e várias outras bandas desse período, mas na nossa maneira de fundir metal e punk acrescentamos outros elementos como o dub, o rap, death/black metal e até coisas da MPB. Isso ao meu ver deixa nossa música com características muito próprias e difíceis de rotular. Vale mencionar que essas referências fazem parte da nossa musicalidade desde o início ou até antes, mais de 30 anos atrás, é o que sai quando tocamos. Uganga é crossover livre com cheiro de coturno, incenso e ganja.
- O que você acha sobre outros gêneros musicais? O que vocês costumam ouvir nas horas vagas?
Manu Joker: Cara a sonoridade do Uganga é fruto de referências variadas vindas de pessoas diferentes que se reúnem pra criar música juntas. Fora os estilos que citei na resposta anterior, e que são parte da nossa sonoridade, quando estamos na estrada ouvimos muita coisa diferente tipo drums and bass, synth pop, trip-hop, trap, jazz, afro beat, rock nacional dos anos 80, progressivo, ska, metal tradicional, new metal, psicodelia, reggae, uma variada e temperada salada. (risos).
- “Ganeshu” foi uma enorme surpresa pra mim. Qual a mensagem que vocês querem transmitir com ele?
Manu Joker: Antes de tudo que o Uganga está vivo e renovado. O conceito do álbum gira em torno da figura imagética de Ganeshu, um ser ficcional oriundo da fusão das entidades Ganesha e Exu. Pensei nesse conceito por ambas as figuras terem várias similaridades, apesar das óbvias diferenças geográficas e culturais. Tanto um quanto o outro são removedores de obstáculos, senhores das encruzilhadas e das trilhas e são mensageiros entre o nosso mundo e o plano espiritual. Ambos também são demonizados por aqueles que costumam temer e atacar o que não entendem, algo que já rolou inclusive com o Uganga. Esse trabalho é sobre a encruzilhada que nos levou a outro caminho.
- Queria muito poder conferir mais conteúdo de vocês. Mais lançamentos estão nos planos para 2025?
Manu Joker: Em relação a nossa discografia não. “Ganeshu” ainda não tem um ano de lançado e queremos trabalhar mais esse material. Creio que em 2026 a gente lance alguns singles porém o álbum novo diria que sai somente no começo de 2027.
- Acho que o som de vocês casa muito bem com o português. Concordam? Alguma chance de vocês passarem a trabalhar com o inglês, também?
Manu Joker: Mudar o idioma pra inglês eu não acho provável, mas coisas pontuais como fizemos na faixa “Dawn” sim. Somos em essência uma banda que fala do que está a nossa volta, com a linguagem que aprendemos nas ruas e o português é parte disso.
- Como tem sido os shows nesta fase atual da carreira da banda?
Manu Joker: A “Ganeshu Tour” já rodou legal pelo sudeste e sul do país, foram mais de 20 datas até agora e muitos quilômetros percorridos. A venda de merch tem sido muito boa, a demanda pra nos ver tem aumentado e as pessoas estão colando nas apresentações e celebrado com a gente. Ainda temos entre 8 e 10 datas previstas até o final do ano, entre elas um festival foda com Ratos De Porão e Black Pantera, na rua e de graça em Uberaba. Isso vai ser loco!
- E quanto a novos lançamentos no formato áudio visual? Alguma chance de vermos novos videoclipes da banda ainda em 2025?
Manu Joker: Sim, já lançamos no nosso canal do YouTube os vídeos de “Confesso”, “Tem Fogo!” e mais recentemente “A Profecia”. Também estamos produzindo com o pessoal da Baurete um documentário dividido em 4 episódios, cada um dedicado a um dos 4 elementos (água, fogo, ar e terra). O primeiro episódio sai ainda esse ano e será focado 100% na nossa viagem pro Pará onde tocamos nos festivais “Dia D” e “Porthell” e na viagem de 30 horas de barco que fizemos pelo Rio Marajó.
- Manu Joker, mais uma vez, muito obrigado. Se algo ficou pendente, por favor este espaço é seu para as considerações finais…
Manu Joker: Nós que agradecemos pelo interesse em nosso trabalho, convido geral pra nos seguir nas redes sociais e a colar nos shows quando estiverem por perto. A gente se vê por aí!
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
UGANGA: Um dos Maiores Representantes do CrossOver Brasileiro Volta a Atacar
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